Aprender é preciso, mas......
Em relação à abertura da editora, Maggi
Krause, (Alfabetizar é preciso, Nova Escola, fev./mar. 2013, p.4), concordo com
ela quando diz que existem defasagens de aprendizagem, em várias salas de aula
e que o hábito de ler pode ser estimulado desde a Educação Infantil. Aliás,
DEVE ser estimulado muito antes disso, mas vamos aceitar o tempo formal para
tal estimulação, que começa na escola. Por outro lado, preciso acrescentar que
não se alfabetiza por decreto, determinando que "as escolas alfabetizem
todas as crianças até os 8 anos". É função social e primordial da escola,
desde que ela existe, a alfabetização, tanto da escrita, leitura quanto da
matemática e, há muito tempo que se vem estudando e afirmando que o letramento
começa muito antes da escola e que esta deve formalizá-lo de maneira que o
educando consiga transferir aprendizados sociais para o escolar e vice-versa. O
que aconteceu a meu ver, é que a escola foi perdendo seu papel
principal, tornando-se assistencialista, transferindo a responsabilidade de
formar as crianças e os jovens para outros, como ao professor anterior que não
ensinou direito, á desestruturação familiar (sem perceber que na verdade o que
aconteceu foi uma reestruturação familiar e social de valores), aos próprios
alunos que, devido ao atual sistema de continuidade série/ciclos, não se
compromete mais com os estudos, salvo raras exceções.
Uma vez, em uma conferência com Emília
Ferreiro, a ouvi dizer que estamos todos nos alfabetizando até o dia de nossa
morte, com o que concordo plenamente. Nossa língua muda do mesmo modo como
mudam as tecnologias, de um dia a outro. Compreendo também a que se refere o
artigo da editora e ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade
Certa, pois é preciso que se garanta o mínimo possível para a maioria das
crianças na idade até 8 anos, para que poucos ou quase nenhuma fique sem a
oportunidade de se alfabetizar.
Ainda, é preciso que os educadores se renovem,
se disponham a reaprender, modificando sua prática e sua didática, reconhecendo
que não são donos da verdade absoluta e senhores totais do conhecimento.
Posso dizer que me aposentei com 31 anos de
docência (em 2011) na P.M.S.P., sempre em classe de Educação Infantil, que
muitos de meus alunos-crianças terminavam o ano letivo lendo e escrevendo pelo
menos na hipótese silábico-alfabética, mas que o caminho que percorreriam
depois de mim ainda seria longo e árduo, uma vez que o status quo da Educação é
fato, ainda hoje, em muitas escolas.