segunda-feira, 11 de março de 2013

Aprender é preciso, mas.....


Aprender é preciso, mas......

    Em relação à abertura da editora, Maggi Krause, (Alfabetizar é preciso, Nova Escola, fev./mar. 2013, p.4), concordo com ela quando diz que existem defasagens de aprendizagem, em várias salas de aula e que o hábito de ler pode ser estimulado desde a Educação Infantil. Aliás, DEVE ser estimulado muito antes disso, mas vamos aceitar o tempo formal para tal estimulação, que começa na escola. Por outro lado, preciso acrescentar que não se alfabetiza por decreto, determinando que "as escolas alfabetizem todas as crianças até os 8 anos". É função social e primordial da escola, desde que ela existe, a alfabetização, tanto da escrita, leitura quanto da matemática e, há muito tempo que se vem estudando e afirmando que o letramento começa muito antes da escola e que esta deve formalizá-lo de maneira que o educando consiga transferir aprendizados sociais para o escolar e vice-versa. O que aconteceu  a meu ver, é que a escola foi perdendo seu papel principal, tornando-se assistencialista, transferindo a responsabilidade de formar as crianças e os jovens para outros, como ao professor anterior que não ensinou direito, á desestruturação familiar (sem perceber que na verdade o que aconteceu foi uma reestruturação familiar e social de valores), aos próprios alunos que, devido ao atual sistema de continuidade série/ciclos, não se compromete mais com os estudos, salvo raras exceções.
    Uma vez, em uma conferência com Emília Ferreiro, a ouvi dizer que estamos todos nos alfabetizando até o dia de nossa morte, com o que concordo plenamente. Nossa língua muda do mesmo modo como mudam as tecnologias, de um dia a outro. Compreendo também a que se refere o artigo da editora e ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, pois é preciso que se garanta o mínimo possível para a maioria das crianças na idade até 8 anos, para que poucos ou quase nenhuma fique sem a oportunidade de se alfabetizar. 
    Ainda, é preciso que os educadores se renovem, se disponham a reaprender, modificando sua prática e sua didática, reconhecendo que não são donos da verdade absoluta e senhores totais do conhecimento. 
    Posso dizer que me aposentei com 31 anos de docência (em 2011) na P.M.S.P., sempre em classe de Educação Infantil, que muitos de meus alunos-crianças terminavam o ano letivo lendo e escrevendo pelo menos na hipótese silábico-alfabética, mas que o caminho que percorreriam depois de mim ainda seria longo e árduo, uma vez que o status quo da Educação é fato, ainda hoje, em muitas escolas.


crianças, leitura, livro