terça-feira, 21 de maio de 2013

MotivAção

Quantas e quantas vezes ouvi reclamações sobre a ausência dos pais em reuniões destinadas a dar a eles conhecimento sobre a vida escolar de seus filhos ou o desinteresse dos mesmos em participar de atividades na escola, como festas, palestras, oficinas, etc. Eu mesma agi, por vezes, desta forma, reclamando mas, também, deixando de ir na escola de meus filhos em função de meu trabalho como professora, uma vez que não poderia deixar meus alunos sem aula.
Com o passar do tempo e o amadurecimento natural como mãe e como profissional, consegui conciliar as duas coisas: ser mãe e ser educadora. 
Como mãe mudava meus horários para participar na escola das crianças, ia lá com horários agendados com coordenadoras e professores para me inteirar da vida deles no dia-a-dia, acompanhava suas lições em casa, vistava os cadernos todos os dias, sem deixar escapar o que de mais importante tinham aprendido.
Um dia meu filho, ainda com uns 8 anos, me perguntou como eu conseguia trabalhar em São Paulo (moramos em Jundiaí), dando aulas, chegar em casa e dela cuidar bem, alimentando a família, fazendo compras em supermercado, limpando, lavando, passando e, ainda, ler todos os dias seus cadernos e da irmã e mais as apostilas, mostrar os erros e apresentar as correções necessárias, vistar tudo, antes mesmo de ir dormir. Eu lhe respondi que ele e a irmã são muito importantes para mim e meu marido e que é preciso priorizar o tempo e as necessidades de cada um e de todos.
Em relação ao trabalho, o que posso dizer é que quando motivados, alunos, professores, funcionários correspondem às expectativas e às propostas feitas pelo projeto da escola.
Quando coordenei uma EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) em São Paulo, tínhamos os mesmos problemas sobre a pouca participação das famílias na escola. Os pais iam lá quando eram convocados ou chamados para reuniões, mas fora isso, era difícil reuní-los.
Então, tive a ideia de montar uma peça de teatro infantil com os pais e professores que se interessassem a participar, mesmo tendo que deixar, por vezes, seus afazeres pessoais.
Pedi às professoras que uma reunião de pais propusesse a ação e quem quisesse e/ou pudesse participar desse seu nome no final da reunião.
Houve uma vontade muito grande, inicialmente, e muitos nomes foram coletados. Porém, ao convocá-los, o número caiu bastante. Mesmo assim não desistimos e tive um bom apoio da equipe da escola.
As pessoas que toparam seguir em frente, mães e professoras, juntamente comigo, que coordenava a escola e a montagem da peça, construíram o texto, o cenário, a sonoplastia, enfim tudo o que foi aprendido durante nossos encontros e estudos em um livro chamado A Arte do Teatro, da biblioteca da própria escola.
A peça foi apresentada para as crianças de todos os turnos, gratuitamente, com muito entusiasmo e afinco das participantes que, apesar das dificuldades encontradas durante este percurso, como as leituras, os ensaios das falas, as posições e marcações dos personagens, atuaram muito bem.
Além disso, os filhos dessas mães que participaram deste projeto ficaram numa felicidade incomparável, pois viram e sentiram o interesse delas pela vida escolar de cada um.
Ser professora, coordenar uma escola e ver mudanças de atitudes em função de ações propostas para melhorar o relacionamento entre escola e famílias.....isso NÃO TEM PREÇO!

Valéria Koury

2013