domingo, 6 de dezembro de 2015

O DESENHO COMO EXPRESSÃO DE COMUNICAÇÃO PARA A CRIANÇA HOSPITALIZADA

O DESENHO COMO EXPRESSÃO DE COMUNICAÇÃO PARA A CRIANÇA HOSPITALIZADA
Nenhum comportamento de "birra" encerra em si a totalidade da expressão da criança. Por meio de sua birra, a criança denuncia sua dor – algo constitutivo da situação em que está vivendo em um hospital —, denuncia relações impessoais que negam a sua identidade. No momento do seu "grito" ou de sua expressão de dor e choro, segue o eco de alguém que diz: “olha, eu estou aqui!”, portanto, seu grito deve ser ouvido em toda a sua extensão, não devendo ser reprimido nem regulado na sua forma de expressão.
Assim, é de suma importância a criação de espaços em que a criança possa expressar sua emoção dentro do contexto hospitalar.
Não se pode esquecer, neste sentido, a presença de comportamentos que surgem rotineiramente em um processo de hospitalização, como, por exemplo, a modificação na dinâmica familiar, a interrupção ou o retardo na escolaridade, as carências afetivas, a privação materna, as agressões físicas e psicológicas e emocionais.
O cenário do hospital, como uma realidade, destitui a criança da sua função: ser criança. Os aparelhos computadorizados, as luzes que piscam, os incontáveis números de fios – soro, transfusão de sangue – que limitam seus movimentos, as pessoas que ali trabalham, com suas roupas brancas e comportamentos estereotipados, as crianças sem suas roupas confortáveis, seus brinquedos, os tubos e as máscaras de oxigênio, que lhes dificultam os movimentos e ultrapassam a sua condição de paciente.
Dentro deste contexto, e no momento em que a criança desenha, expressando assim suas angústias, ela materializa, a imagem que criou internamente para dar conta das suas emoções, e por meio desta  materialização, passa a conhecer, organizar e elaborar suas emoções e sentimentos. Portanto, a imaginação da criança está relacionada ao brincar e é  brincando que ela vai, aos poucos, recriando uma nova situação para poder superar a dor da internalização hospitalar, quando à ela é dada esta oportunidade do brincar neste novo ambiente em que se encontra. O desenho faz parte deste brincar, pois através dele a criança imagina, vai longe em seu mundo, lida com as adversidades, cria personagens com os quais consegue lidar.
Como processos complexos, a memória e a imaginação transparecem no desenho por meio dos esquemas figurativos dos objetos reais que fazem sentido para a criança e que estão carregados de significação, (Ferreira, 1998), sendo ainda mediado pela linguagem, por seus signos e pela interação com os outros.
Cabe, portanto, às pessoas que rodeiam a criança hospitalizada proporcionar-lhe um ambiente favorável para que ela possa se utilizar de tão importante instrumento de satisfação e superação: o desenho que nada mais é do que uma maneira de a criança se comunicar externamente com este mesmo meio em que está situada em um determinado momento de sua vida.
Valéria Koury
2015

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A CRIANÇA HOSPITALIZADA E A BRINCADEIRA

         E estou, atualmente, servindo como voluntária em um hospital de crianças que apresentam a terrível doença de todos os séculos, uma vez que sua cura total, ou preventiva, ainda não surgiu definitivamente na medicina  - o câncer.
         Como tenho acompanhado o trabalho educativo, educacional neste hospital, pude avaliar a importância do brincar para as crianças que passam, na maioria das vezes,  o dia todo dentro dele.
         Com uma excelente estrutura física, material e de pessoal, as atividades escolares ali desenvolvidas vão desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, sob a supervisão de uma Professora muito competente.
         Assim, percebi como o brincar, para estas crianças, é uma atividade extremamente necessária à aprendizagem e desenvolvimento contínuo, sem interromper a sua atuação escolar. Muitas não conseguem frequentar normalmente a escola, em função do tratamento, que exige horas de quimioterapia, acompanhamento de diversas áreas médicas, alimentação balanceada, etc.
         Quando propomos atividades escolares para elas, nem sempre estão dispostas a realizá-las mas, ao convidá-las a uma brincadeira, jogo, leitura, interação com palhaços, ainda que colocando neste meio as lições da escola, elas participam com muito mais entusiasmo.
          Esta adaptação do brincar hospitalizado à rotina das atividades escolares faz com que as crianças consigam lidar melhor (pelo menos um pouco) com as situações complicadas da vida, estabelecendo relações amigáveis com os profissionais que dela cuidam, estimulando e aprimorando um desenvolvimento social e interpessoal, em que a dor física e emocional acabam por serem minimizadas.  
           Aquelas que estão em idade pré-escolar aprendem e divertem-se com as brincadeiras simples e jogos sem regras, interagindo com o ambiente, elevando sua autoestima, uma vez que o nível de estresse pelo qual passam é bem alto.
           A hospitalização pode criar medos reais ou até mesmo imaginários em relação ao próprio local, aos profissionais, às amizades criadas ali, sendo demonstrados através de choros, agressividade, ansiedade, depressão, recusa, falta de sono (ou excesso), uma vez que o fato de estar em um ambiente que não é a sua casa, seu porto seguro, em condições de debilitação, modifica a vida da criança.
           Através de atividades lúdicas a criança relaxa, diminui o nível de estresse, sente-se mais confiante e confia também mais nos profissionais que dela cuidam, percebe que a família continua próxima à ela e que sempre haverá uma esperança para que seu mal acabe e seu sofrimento possa, um dia, ser praticamente esquecido.
           
Valéria Koury
2015                


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

BRINCAR - OS PRIMEIROS TRAÇOS PARA A VIDA ADULTA

      Você já observou sua criança brincando com seus brinquedos simbólicos e imaginários, como bichos de pelúcia, carrinhos, bonecas, tampas e panelas? Não? Se você parar e prestar atenção em suas brincadeiras poderá perceber que ela consegue transformar qualquer objeto em um super-herói, em um detetive, um astronauta, um pai ou uma mãe, ou ainda a professora adorada ou odiada.
     Estas ações do universo infantil retratam que ela ( a criança) vive seu mundo narcisista e onipotente, onde ela se concentra de tal forma que o adulto só consegue entrar quando ela ( a criança) o permite.
         Através destas brincadeiras simbólicas a criança remodela a interferência que recebe e que sofre de conceitos e contextos do mundo real; desta maneira, ela adapta e se defende da maneira que vê o mundo autoritário, confuso e, muitas vezes, irônico dos pais, fazendo uma leitura própria de seu mundo, sem ser cruel (ainda que assim o pareça), apropriando-se do espaço adulto pela forma que enxerga o ambiente e as suas representações dos seus alter egos.
         Assim, a criança transita entre o real e o imaginário, de maneira lúdica, sensível e sutil.
       Muitas vezes, a criança usa um objeto transacional, como um bicho de pelúcia, um pano, um cobertor, para superar frustrações, assumindo estes objetos o papel de ego auxiliar, o porto seguro de seu consciente.   
     Os objetos em questão funcionam como algo passível de ser interpretado, atingido em sua compreensão, criando vida como ponte entre o mundo imaginário e o real, servindo de um "anestésico" para o universo adulto, duro e real, amortecendo fantasias, mágoas, emoções, descobertas e desilusões. 
       A criança muda, constantemente, de referência. "A realidade, nesta fase, depende profundamente da situação" (Watterson, 1985). Portanto, quando para um adulto a criança está categoricamente mentindo, para ela (a criança) há uma forte convicção de que o que diz ou faz é a mais pura verdade.
       Ao brincar a criança situa seus primeiros passos para a fantasia, e as brincadeiras proporcionam à criança a possibilidade de  experimentar emoções, sentimentos, perdas, frustrações. 
       Segundo Klein (1882-1960), "é na brincadeira que se exteriorizam os jogos internos, como um meio de obter prazer pela manipulação da angústia". e isto a leva a uma elaboração projetiva. 
     Desta maneira, para Winnicott (1896-1971), "as crianças o fazem para dar vazão aos seus impulsos agressivos e coléricos, num cenário que ela conhece e que todos aceitam". Portanto, a criança vivencia emoções, interage com o mundo real através do imaginário, tateando os mundos interno e externo de seu ambiente. 
       Dentro destes conceitos, o adulto tem um papel muito importante na construção da personalidade infantil, como a mãe que protege, o pai que ampara, os avós que sublimam seu ego e, se estes, conjuntamente, conduzirem esta passagem da infância para o pós-infância de forma bem feita, um adulto completo estará em formação. Isto se dará se o objeto de transição, citado anteriormente, for bem compreendido.
        A escola também precisa compreender este objeto transicional, pois quando a criança começa a fazer parte deste mundo educacional, tão diferente de seu lar, muitas vezes a criança precisa dele como apoio, segurança e autoafirmação. Quando a escola não respeita este momento da criança ela estará levando-a a frustração, angústia e mágoas. Ao contrário, quando ela o aceita como uma fase necessária à superação da separação momentânea da família, ela (a escola) respeitará não só a criança como suas emoções, sentimentos e dúvidas.
        Portanto, cabe a todos os adultos facilitarem à criança a sua adaptação ao mundo real através dos brinquedos e brincadeiras em que a fantasia e a imaginação são os seus instrumentos mais próximos da sua realidade.

Valéria Koury
2015         

                                                              
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terça-feira, 6 de outubro de 2015

O HOMEM E A ARTE

   A arte, de forma geral, revela os valores estéticos, éticos, morais e a significação das potencialidades humanas.
      Revela, também, sentimentos, identidades e características individuais e próprias, o coletivo cultural da humanidades, através de diversos elementos para vários fins.
      Assim, à partir desta visão geral e ampla, pode-se apresentar um discussão sócio-cultural das suas diferentes manifestações, como a dança, o desenho, a pintura, a escultura, o cinema e a televisão, a literatura, a música, a xilogravura e tantas outras formas artísticas que foram criadas pelo homem.
    Falar sobre arte não pode se limitar a apenas uma de suas manifestações ou à uma única concepção, uma vez que cada ser, individualmente, cria sua própria visão imaginativa dentro de seu significado, interagindo nos conceitos sociais e culturais em que vive.
      Discutir a arte é alicerçar-se em suas próprias convicções, ampliando-as através e a partir do outro interativo, desde que se tenha uma visão aberta para horizontes mais longínquos, evitando-se assim arquétipos pré-estabelecidos, estanques e engessados na criação da obra humana.
    O objetivo de quem propõe a arte precisa estar sempre voltado a fazer com que o indivíduo compreenda o homem contemporâneo em sua totalidade, desfazendo mitos de um "ser repartido", fragmentado e desconectado do mundo em que vive.
   Desta maneira, retratar algumas destas infinitas vertentes da criação humana, refletindo, simbolizando e materializando seu dom imaginativo faz com que cada um assuma seu lugar na sociedade de forma consciente, atuante, participante e comprometida com a coletividade, deixando de pensar apenas em si para se voltar ao próximo, levando a ele o melhor da vida através do interesse íntimo do ser criador.
     Nesta perspectiva, e pensando na criança pequena, a dificuldade de comunicação e de manter relações afetivas e em relação a adolescentes, a dificuldade da superficialidade dos relacionamentos, o individualismo e o egocentrismo, a solidão e o isolamento, pode ser abordada nas diversas manifestações artísticas e culturais, levando a uma reflexão interior, a partir de si mesmos e de suas construções produtivas, não com olhos ao que será aceito socialmente, mas sim, aceito por cada ser criador.
      Em um mundo em que se valoriza tanto o EU e o consumo, tão multifacetado, crianças e jovens parecem necessitar de mais oportunidades para se desenvolverem livremente, sem a pressão obsedante de resultados e metas a serem alcançadas profissionalmente (notas, vestibulares, escolhas profissionais, etc), inclusive se permitindo sentirem-se introspectivos em certos momentos, para se autoconhecerem melhor e mais profundamente, vendo-se através de um olhar mais cuidadoso para seus verdadeiros desejos.
      Ah! como seria bom se deixássemos nosso lado direito do cérebro funcionar mais livremente que o esquerdo. O hemisfério cerebral direito é mais ágil no processamento das emoções e, portanto, consegue expressar mais facilmente os sentimentos positivos, que geram o senso estético e ético das artes, fazendo com que os sentimentos de medo, raiva, mágoa e outros sejam afastados no momento da criação. Melhor dizendo, quando usamos mais o lado esquerdo do cérebro trabalhamos mais racionalmente que emocionalmente, o que pode conduzir à uma criação menos expressiva e mais racional, pensada e equilibrada.
      Não que o lado direito do cérebro não expresse sentimentos negativos, muito pelo contrário, nele estes também estão presentes. Mas, a liberdade de expressão sem pressão se dá via hemisfério direito.
      Portanto, se você quer ser criativo procure formas de usar o lado direito de seu cérebro, desenhe, por exemplo olhando uma imagem de cabeça para baixo e seguindo as linhas que vê e não a imagem que pensa que vê. Você irá se surpreender com o resultado.
      Experimente o mundo por outros olhos! Sinta, toque, cheire, movimente-se, ouça através de seu corpo todo e de seu espírito, deixando-os livres para exercerem o que o homem faz de melhor: CRIAR.
                                                             
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          Por: Valéria Koury
          2015                                                  

sábado, 15 de agosto de 2015

A MÚSICA NA VIDA HUMANA

         A música sempre esteve presente em todos os momentos da vida, de todas as pessoas, de algum modo: nas festas, nas igrejas,  nas guerras, nas vitórias e derrotas, nas tragédias e nas alegrias.
         Os primeiros sons ouvidos pelo homem talvez tenham sido os da natureza para depois descobrir sua própria voz e perceber os sons de seu próprio corpo e dos animais.
         Costuma-se dizer que a música é matemática pura, pois ela é um infinito de combinações que podem agradar, ou não, os ouvidos humanos.
         Não é à toa que a criança pequena gosta de ouvir músicas tocadas, cantadas, com ou sem rima, vindas de vozes de outras pessoas e, principalmente, daquelas que são mais próximas de si, como seus pais, avós, irmãos, tios, amigos.
         No entanto, ela gosta, também, de ouvir sua própria voz, cantarolando ou cantando os versos que reconhece nas músicas e melodias ouvidas na mídia, no rádio, na tv, em casa, na escola, na rua, etc.
         Extravasamos nossas emoções e alegrias cantando e não só ouvindo. Uma experiência bem familiar disto acontece quando se ouve alguém cantando "Parabéns" seja na língua que for. Quase que imediatamente todas as pessoas em volta, sejam crianças ou adultos, começam a acompanhar a cantoria, em uma homenagem universal.
         As crianças pequenas gostam de se expressar através da musicalidade, usando a voz, o corpo, instrumentos fabricados ou construídos por elas mesmas. Também exaltam o amor e a raiva através dela, criando, muitas vezes, suas próprias canções, que não devem ser ridicularizadas, pois fazem parte de seu acervo musical.
         Quando brincamos com elas de "Qual é a música?", por exemplo, várias são as vezes em que os pequenos inventam suas melodias musicadas, sem rimas e aleatórias, mas que fazem todo o sentido para elas. Assim, juntam pedaços de versos de várias quadrinhas e criam novas para expressarem-se, com alegria ou tristeza, com o único desejo de cantarem e se ouvirem.
         Afinal, a música como cultura da humanidade alimenta a alma e o espírito, que só quem a experimenta pode avaliar o quão importante ela é para o indivíduo e para a coletividade, pois flui de nós para os outros, de dentro para fora, mesmo que sem técnicas ou teorias musicais, sendo uma parte essencial da vida humana.

Valéria Koury
2015

domingo, 3 de maio de 2015

Os hemisférios cerebrais e o desenho

           Quando o cérebro da criança pequena está em desenvolvimento, os dois hemisférios de seu cérebro não são especializados para exercer funções diferentes (EDWARDS, 2000). 
         A consolidação destas funções vão se processando gradualmente, através da aquisição de aptidões linguísticas e simbólicas, como arte infantil.
           Ao atingir, mais ou menos, os 10 anos, a criança está com esta lateralização mais definida, porém usa o lado esquerdo do cérebro para executar uma função que deveria ser do lado direito, ou seja, desenhar, uma vez que o esquerdo é o lado dominante, pois é ele que realiza as atividades da razão e da fala.
            Quando criança, o indivíduo pequeno vê-se em uma crise artística, entre suas percepções do mundo e seu nível de aptidão. Além disto, o adulto geralmente influencia a crítica infantil, ou elogiando aquilo que a própria criança sabe que não corresponde às suas necessidades artísticas, ou desincentivando-a a continuar sua empreitada de rabiscos, tornando-a frustrada.
            Em geral,  criança culpa seu desenho pela sua frustração e não o adulto, crítico e irresponsável. Isto leva a criança a deixar de desenhar e, quando ela também se torna um adulto, ao ser convidada a fazer um desenho, sente-se ridícula ao terminá-lo.
              Assim, a maioria das crianças torna-se muito crítica de si mesmas e raramente voltam a desenhar quando adultos, a não ser por um interesse próprio, pessoal ou profissional e, para isto, precisam buscar cursos que os levem ao prazer de suas necessidades artísticas.
              Por volta de um ano e meio, quando pega um lápis e rabisca um papel, a criança sente um prazer enorme em ver sua marca deixada ali, não importando à ela o que isto representa simbolicamente, mas sim física e emocionalmente. 
              Os movimentos circulares das mãos (usam as duas, sem a preocupação de direito e esquerdo) provavelmente advém dos movimentos realizados pelos braços, ombros, punhos, mãos, dedos, em um conjunto único, uma vez que estes movimentos são os mais naturais ao ser humano.
              Com seu desenvolvimento ainda em processo, a criança começa a perceber que aquilo que ela "rabisca" ou marca no plano representa algo, como o pai, a mãe, o  cachorro,  o carro, tudo em uma mesma marca.
               Neste momento, ela começa a apresentar mais as figuras "humanas", ou seja, círculos com olhos enormes, boca, braços e pernas,que podem sair da cabeça,  esquecendo-se das orelhas e cabelos, que, para ela, são apenas apêndices da figura. Estas ainda podem ser uma pessoa ou um animal, sem muita distinção.
               Por volta dos quatro anos, ela começa a ter mais consciência dos detalhes do real, como roupas com botões, sapatos, laços, flores, pássaros, etc. pois seu mundo visual já está muito mais expandido. Desenham repetidas vezes a mesma imagem, para memorizar os detalhes e acrescentar novos.
               Para elas, neta fase, o desenho conta histórias e resolvem problemas, principalmente familiares. O pai pode estar representado muito grande perto da mãe, que é aquela que fica em casa e a tudo se dedica, sem muita valorização. A irmã que a instiga o tempo todo pode estar representada bem pequena ou muito grande, conforme o sentimento que a criança nutre por ela.
               Mais tarde, entre os seis e sete anos, suas paisagens são ricas em coisas que são muito importantes para ela, como a casa, o céu, as árvores, animais preferidos e começam a usar a cor para representar a realidade, assim a grama é verde,  o sol é amarelo e o céu é azul.
               A casa desenhada pode ter janelas com cortinas, número na porta, maçaneta, jardim, pássaros, flores e, mesmo morando em um lugar em que as chaminés não são comuns, elas aparecem quase sempre nos desenhos das casas.
               A partir desta fase, as crianças maiores, já mais adolescentes, passam a buscar mais a realidade, acrescentando muitos detalhes, ressaltando a aparência das coisas, demonstrando maior complexidade, porém, também, parecem regredir um pouco na segurança que outrora tinham ao desenhar.
               Começam a surgir as diferenças sexuais: meninos desenham super heróis, carros, armas, meninas desenham príncipes e princesas, flores, etc. 
                Quando chega a fase do realismo, o adolescente já está tão imbuído do mundo  que o cerca, que ele não mais admite executar o que chama "desenhos de bebê". Tudo o que ele fez até agora lhe parece um verdadeiro absurdo, uma vez que o mundo adulto o impele a fazer coisas produtivas, que o levem a um sucesso social.
                Voltando a falar dos hemisférios do cérebro, ou seja, os lado direito e esquerdo, o conflito aparece entre ambos, pois o esquerdo, como já foi dito, dominante, não admite as viagens imaginativas do lado direito e os símbolos convencionais são muito mais fortes do que a visão pode enxergar.
                 Então, se  o indivíduo quer desenhar, por exemplo uma cadeira ou um vaso com formas distorcidas, o lado esquerdo, racional lhe diz que não pode, pois uma cadeira e um vaso têm uma forma definida socialmente. Assim, o desenhista acaba transformando palavras e ideias pré concebidas em imagens, sem perceber realmente o que tem diante de si.
                 Seria precisa que o desenhista, observador do que o rodeia, olhasse com os olhos da emoção e não da razão aquilo que vê, deixasse o lado direito do cérebro levá-lo em uma viagem com as asas da imaginação, colocando de lado o que exatamente correto ou incorreto, usasse o lápis com a mão livre da alma e da paixão.  
                 

VALÉRIA KOURY 
2015
texto baseado em leitura de "Desenhando com o lado direito do cérebro"
                                              EDWARDS, Betty. Ediouro, RJ. 2000
               

Sun, Desenho De Crianças, Imagem

              

sábado, 4 de abril de 2015

A Páscoa

A Páscoa
Hum, que delícia! Chegou uma das festas mais gostosas do ano, quando nosso pensamente está voltado para chocolates, muitos chocolates.
Todos nós vamos em busca do mais recheado, o mais saboroso, o maior, o melhor.
Mas, não podemos nos esquecer do verdadeiro sentido da Páscoa, a ressurreição de Cristo, a renovação da vida. 
É um momento de reflexão sobre o que passou e sobre o que se pretende para o futuro.
É um momento de se perdoar para poder perdoar os outros.
É compartilhar o amor, a paz e a solidariedade.
Transmitir estes valores às crianças deve ser, antes de tudo, a maior missão de pais e educadores, para que elas possam crescer como cidadãos honestos, com caráter do bem, com sabedoria e compaixão.
Vamos investir mais nestes sentimentos e menos no valor material, seja do consumo em forma de presentes, seja como o delicioso chocolate.
Sem deixar, é claro, de fazer a alegria da garotada, porém com menos ênfase na guloseima. 
Que tal?

UMA FELIZ PÁSCOA A TODOS OS MEUS LEITORES E SEGUIDORES.

Valéria Koury
2015


sexta-feira, 6 de março de 2015

OS BEBÊS E A BIRRA


              Quem nunca passou por uma birra de seu bebê? Ou, então, viu um bebê fazendo birra no supermercado, por exemplo, e pensou: "nunca vou permitir isto com um filho meu...."
               Pois engana-se a pessoa que pensa assim, pois a birra faz parte do crescimento, do desenvolvimento e da aprendizagem da criança.
               Porém, a psicanalista Patrícia Cardoso de Mello (http:/www.paisefilhos.com.br/culpa-nao/bebe-nao-faz-birra#sthash.rF66DjBu,dpuf), explica que até mais ou menos o primeiro ano do bebê o que ele faz não é birra, mas uma forma de ele se "posicionar diante das negações dos adultos". 
               Nesta idade, o melhor é pegar a criança no colo, acalmá-la, acolhê-la, abraçá-la, para que ela perceba que é amada e compreendida.
               A birra é um comportamento de crianças que estão aprendendo a lidar com limites e imposições externas a ela.      
               O choro, os gritos, as batidas dos pés, ou até se jogar no chão, podem demonstrar que algo está errado, que ela pode estar sentindo algum incômodo, dor, fome, sede, febre, etc. Além de seus próprios mal-estares, ela pode sentir angústia ou um estado emocional ruim, da mãe ou do pai, e ressentir-se também.
               Lidar com estes momentos é a parte mais difícil, tanto para os pais quanto para a própria criança, que ainda não entende bem o porquê deste comportamento.
               Tentar explicar para o pequeno que você, adulto, não gosta de sua atitude é um bom início para melhorar o conflito e evitar participar deste jogo também.
               Além de tudo, quando os adultos próximos à criança conseguem lidar com ela nestes momentos, estarão evitando que ela se torne uma pessoa com sentimentos de rejeição e que se comporte da mesma maneira na idade adulta. 
               Lembre-se: por mais que doa ter de ser firme com os bebês para diminuir, gradativamente, os momentos de birra, eles serão gratos por se tornarem adultos equilibrados, no futuro.

Valéria Koury
2015

                                                  
                
                 






domingo, 1 de março de 2015

NOSSA BAGUNÇA INTERIOR

                Você já prestou atenção em como anda sua casa, ultimamente? Olhe em volta e veja se as coisas estão nos devidos lugares. Em sua sala há exatamente o que deveria estar ou tem papéis pelo chão, sapatos jogados, copos e pratos largados? A pia de sua cozinha está cheia de louça suja e as panelas usadas continuam sobre o fogão? Sua cama foi arrumada pela manhã ou as cobertas estão reviradas? Agora, vá até suas gavetas....tudo parece que foi remexido, revolto por um tufão, não é?
                 Bem, segundo o Feng Chui quando nossa vida está uma bagunça nossa casa se torna o seu reflexo e é preciso começar a colocar cada coisa no devido lugar para que nossa alma e espírito também consigam se acomodar novamente e restabelecer a ordem interna.
                 Ou será que você gosta de chegar em casa e ver tudo fora do lugar, tendo a sensação de não ter onde ficar em paz?
                 Comece jogando fora o que não te serve mais, sejam objetos ou roupas, aquilo que está quebrado e não tem mais conserto.
                 O que sobrar ponha de volta no lugar certo. Sinta o que e coo isto poderá mudar suas atitudes em relação à você mesmo e à sua vida.
                 Aos poucos tudo vai entrando nos eixos, seu ânimo volta, seu espírito se alegra e você volta a ser aquela pessoa que todos querem ter como participante de suas jornadas.
                 Experimente, não custa muito. O mais difícil é o primeiro passo.
                 Mas, não vale fazer isto uma única vez, faça sempre para sempre poder estar bem com você mesmo.
                 Um grande beijo.
                 Ah! uma dica: arrumar tudo é bem mais gostoso em dia de chuva, pois é quando não se tem muito a fazer.


                                                         Resultado de imagem para imagem de uma casa arrumada
Valéria Koury
2015

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

OS BEBÊS

Para que um bebê aprenda a falar, ele precisa ouvir, desde o seu nascimento, os sons das vozes.
Portanto, é necessário que alguém esteja sempre falando perto dele.Mas, como se dá esta aprendizagem? Ao ver e ouvir outra pessoa ele vai captando seus gestos faciais, seus movimentos, seu olhar, sua maneira de falar, percebe o seu timbre de voz e começa a identificá-la cada vez que a pessoa interage com ele.
Asim se inicia o processo de comunicação: através da linguagem, tanto oral como gestual. O bebê vai construindo sua própria voz, sua musicalidade e modula ou molda seu próprio jeito de falar e se comunicar.
Geralmente, são os pais os primeiros a participarem deste processo de construção das linguagens, mas todo adulto ou mesmo criança que entre em contato com o bebê estrá propiciando este processo, pois é muito importante que o pensamento do bebê seja reconhecido e reafirmado a cada momento.
Ele vai, também, construindo seu ritmo interno, que ajudará na elaboração de seu equilíbrio, sua lateralidade e reconhecimento do espaço que ocupa.
Além da fala nas conversas entre adulto-bebê, outra atitude muito importante é a leitura de histórias e a musicalidade. Esta duas juntas fazem com que o repertório da criança pequena seja ampliado dia-a-dia, o que facilitará à ela a aprendizagem de outras duas linguagens: leitura e escrita, o que a levará à uma socialização e internalização de conceitos muito mais facilmente adquiríveis.
Brincar e apropriar-se da linguagem oral, lida e escrita tem nesta idade de ouro da aprendizagem papel extremamente relevante para a formação da personalidade do bebê. É a interação do outro através destas linguagens que construirá a forma como ele crescerá e aprenderá.
A escolha adequada das narrativas fará com que o bebê passe a apreciar e sentir prazer na aprendizagem da alfabetização, uma vez que as imagens e os textos levam a mente a viajar por caminhos antes desconhecidos ou refazer estes caminhos por novas trilhas de descobertas fantásticas.
Através destas narrativas a criança brinca com o imaginário, com seus medos e desejos, suas semelhanças e diferenças entre ela e os personagens, com suas oposições e raivas, suas alegrias e emoções. com o que lhe é permitido ou proibido e acima de tudo ela se torna capaz de fazer escolhas.
Mas, para que isto aconteça é precisa saber quais são as histórias e os livros de boa qualidade, pois a criança sabe reconhecer o que é bom ou ruim e logo irá se desinteressar por coisas que não lhe dão nenhum significado próprio.
Ela transforma as histórias em suas vivências, muda aquilo que não lhe convém, cria e recria com criatividade o que lê e ouve e faz do mundo dos livros um rico reino de imaginação.
Portanto, nunca deixe de ler e falar, conversar com seus pequenos, sejam bebês ou crianças maiores. Você, adulto, é responsável por esta etapa MARAVILHOSA, na vida deles!


                                           

Valéria Koury
2015

sábado, 21 de fevereiro de 2015

DESENHO E PINTURA

             Desenhar e pintar são duas habilidades que coexistem desde que a humanidade começou a criar formas de se comunicar.
             O homem pré-histórico, vivendo nas cavernas, sendo nômade, sentiu a necessidade de comunicar ao seu grupo social os locais de caça, o que havia para caçar, marcando nas paredes com tintas feitas a partir de sangue de animais, folhas e terra, tudo o que lhe convinha para a sobrevivência. São os desenhos e pinturas rupestres.
             Com a ampliação dos conhecimentos, das técnicas e da tecnologia tudo mudou desde aquela época mas, o que não mudou foi a necessidade de interagir, de se comunicar com o outro, seja próximo ou distante.
              Além disto, a curiosidade move a criação humana, que não tem limites para o imaginário, seja em forma de imagem escrita, escultura, pintura, desenho ou imagem gráfica.
              Desenhar e pintar levam o espírito a uma viagem de cores e formas, elevando a alma, permitindo reflexões a respeito de si e do mundo, em uma espiral de sentidos e sentimentos.
              Aquele que busca calma, paz, tranquilidade para realizar transformações precisa entrar neste mundo mágico, preenchendo a vida com um colorido novo, em novos formatos, visualizando à sua frente um mundo melhor para todos.
             
Valéria Koury
2015
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